Posso evitar o aborto espontâneo?
Cerca de 80% dos abortos espontâneos acontecem antes da 12ª semana de gestação e, apesar de que é impossível evitar por completo o risco da perda, você pode tomar algumas precauções que ajudam a reduzir esta ameaça, que é maior durante os 3 primeiros meses de gravidez.
Qual é o principal risco do aborto espontâneo precoce?
Durante as primeiras semanas de gravidez acontece a divisão celular e implantação do óvulo fecundado no útero materno. As primeiras estruturas e órgãos vitais iniciam seu desenvolvimento, sendo este momento onde o embrião estará mais suscetível a cometer erros de formação e por isso, o risco de abortamento é maior.
Infelizmente nem sempre é possível identificar a causa do aborto. No entanto é possível determinar alguns fatores de risco. Alguns diretamente relacionados com a saúde materna:
- Idade materna: Aumenta o risco de aborto principalmente por causas genéticas devido a alterações cromossômicas.
- Alterações uterinas: A anatomia do útero pode inviabilizar o desenvolvimento do feto.
- Doenças sistêmicas ou infecciosas: Podem afetar a saúde do embrião.
- Fatores ambientais: Por exemplo, a exposição ao chumbo e agentes químicos tóxicos.
- Desequilíbrios hormonais: A gestação é orquestrada pelos hormônios, razão pela qual a falta ou excesso pode desequilibrar o correto desenvolvimento do bebê.
- Transtornos do sistema endócrino: que está totalmente ligado à produção hormonal.
- Outras causas de aborto estão relacionadas com o feto:
- Falhas no desenvolvimento cromossômico – apesar de associado à idade materna, pode ocorrer também por fatores paternos ou mesmo em casais jovens e saudáveis sem nenhum problema genético ou antecedente de risco.
- Falhas no processo de implantação do embrião no útero materno – uma falha de implantação pode estar relacionada por vários fatores, alguns ainda desconhecidos pela ciência.
Quando ocorre um aborto é preciso estudar a causa antes de tentar uma nova gravidez para evitar a repetição. Atualmente o teste genético em restos fetais (POC) é a melhor alternativa para identificar as principais causas genéticas de aborto. Conhecendo a causa, é possível prevenir ou controlar a maioria dos casos.
Fatores que aumentam o risco de aborto no primeiro trimestre
O aborto de primeiro trimestre pode acontecer em qualquer perfil de gestante, porém o risco é maior ao redor e após os 40 anos, pelas alterações cromossômicas e malformações comentadas anteriormente.
Os fatores de risco de aborto de primeiro trimestre são:
- Idade materna avançada.
- Ter sofrido abortos anteriores.
- Diabetes. Mulheres diabéticas devem fazer um planejamento da gravidez com a ajuda do seu médico e quando estiverem grávidas devem fazer um acompanhamento especial da gestação.
- Ovários policísticos. A síndrome dos ovários policísticos é uma das principais causas de infertilidade, que além de dificultar a capacidade de engravidar, também aumenta o risco de aborto.
- Malformações ou alterações uterinas que impeçam o desenvolvimento do feto
- Doenças sexualmente transmissíveis. DST’s como a gonorreia e o HIV representam um alto risco de aborto, principalmente durante o primeiro trimestre.
- Citomegalovírus. O CMV é um tipo do vírus da herpes. Apesar de que ser portador não é um fator determinante, o risco de perda gestacional aumenta.
- Maus hábitos. Fumar, consumir bebidas alcoólicas, usar drogas ou abusar da cafeína aumentam o risco de aborto.
- Condições ambientais. Conforme comentado no caso do chumbo, a exposição a certas substâncias químicas pode ser perigosa para o bebê.
Como diminuir o risco de aborto
Que exista o risco de aborto não significa que ele vai acontecer. Saiba o que fazer para ter uma gravidez mais tranquila:
1. Revisão médica antes da gravidez
Muitas causas de aborto podem ser prevenidas. Para tanto, o ideal é fazer o planejamento da gravidez com uma revisão geral da saúde do casal. A revisão que antigamente era conhecida pelo conjunto de exames pré-nupciais é importante.
Para aqueles futuros pais que tenham casos de doenças genéticas na família ou queiram prevenir este problema, é possível evitar o risco do nascimento de um bebê portador de doenças genéticas e cromossômicas. O aconselhamento genético é importante nessas situações.
2. Pré-natal
Quando você confirmar o positivo da gravidez, marque uma consulta com um ginecologista obstetra para dar início ao pré-natal. O ginecologista é o seu médico de confiança para todo este período, irá recomendar os exames e esclarecer suas dúvidas.
Entre os exames, um teste que nem todas gestantes conhece é o teste pré-natal não invasivo (NIPT) que detecta o DNA fetal no sangue materno a partir da 10ª semana de gestação. Este teste, além de detectar alterações cromossômicas relacionadas ao aborto e doenças cromossômicas como a síndrome de Down, também irá revelar o sexo do bebê muito antes do ultrassom.
3. Repouso e descanso
Gravidez não é doença, no entanto é preciso respeitar os limites do seu corpo, que neste período está trabalhando para gerar uma vida em seu ventre. Um dos sintomas da gravidez é o cansaço. O repouso não irá reduzir o risco de aborto de uma causa genética, mas pode ajudar a evitar outras causas de aborto como as que estão relacionadas com a implantação embrionária.
4. Cuide da sua alimentação
Você está alimentando seu bebê através do que você come, por isso é importante uma dieta saudável e equilibrada. Controlar o ganho de peso para evitar a obesidade, que aumenta o risco de aborto, e evitar estimulantes e álcool é fundamental. Sua missão como gestante é procurar absorver a variedade de nutrientes que ajudará o correto desenvolvimento do bebê.
5. Medicamentos
Muitos medicamentos aumentam o risco de aborto ou podem provocar efeitos adversos no bebê. Não tome medicamentos sem antes consultar seu médico e se quiser conhecer os principais medicamentes seguros e inseguros para a gravidez, consulte o post que preparamos sobre este assunto.
6. Ácido fólico
A falta de ácido fólico no organismo aumenta o risco de aborto espontâneo. Por isso, para quem tem a oportunidade de planejar a gravidez, é recomendável tomar suplemento de ácido fólico 3 meses antes de engravidar. Consulte seu médico para a recomendação da dosagem adequada.
7. Terapia hormonal
Níveis baixos de progesterona na primeira fase da gravidez pode ser um fator de risco para o aborto espontâneo. Durante o pré-natal seu médico irá medir o nível deste e outros hormônios e caso seja necessário, irá recomendar uma terapia hormonal.
8. Sintomas de risco de aborto
Em caso de febre alta, sangramento, contrações ou espasmos abdominais é preciso informar imediatamente seu médico ou procurar um pronto-socorro.
Larissa Antunes, Assessora Científica Igenomix.