Fator Rh na gestação: Quando tomar a vacina Rogan?
A imunoglobulina anti Rh(D) (conhecida como vacina Rogan) é utilizada para prevenir a sensibilização materna ao fator sanguíneo de um bebê Rh positivo quando a mãe possui o fator Rh negativo. Esta condição também é conhecida por incompatibilidade sanguínea.
Com a vacina, que contém anticorpos IgG específicos contra antígenos Rh(D) de eritrócitos humanos, a gestante de fator sanguíneo Rh negativo, previne a produção de anticorpos que combatem o Rh positivo do feto e a gravidez transcorre normalmente sem risco para a mãe e para o bebê.
O fator Rh pode afetar o curso da primeira gestação?
O Rh negativo da mãe não vai gerar doenças genéticas no bebê ou aborto durante a primeira gravidez. A maioria dos abortos do primeiro trimestre ocorrem devido a uma alteração cromossômica, por isso, é importante analisar o material de aborto e conversar com o médico de sua confiança sobre outros exames para auxiliá-la a prevenir a repetição da perda em uma próxima gestação.
Indicações para a vacina Rogan
A administração da imunoglobulina anti Rh(D) em mulheres Rh(D)negativas é indicada nos seguintes casos:
- Gravidez/parto de criança Rh(D) positiva.
- Aborto /ameaça de aborto, gravidez ectópica ou mola hidatiforme.
- Hemorragia transplacentária resultante de hemorragia anteparto, amniocentese, biópsia coriônica, procedimentos de manipulação obstétrica, por exemplo, versão externa ou trauma abdominal.
- Tratamento de pessoas Rh(D)negativas após transfusões incompatíveis de sangue Rh(D)positivo ou outros produtos contendo células vermelhas do sangue.
Tomei a vacina Rogan uma vez, preciso tomar novamente?
A proteção das imunoglobulinas é de curta duração. Assim que o organismo as elimina cessa seu efeito, sendo necessária sua aplicação toda vez que houver risco de sensibilização. A duração do efeito da imunoglobulina anti Rh(D) não é para a vida toda. A proteção chega a 12 semanas, por isso, a mulher Rh negativo pode necessitar recebê-la em diversas oportunidades, conforme o médico identificar risco de sensibilização ao fator Rh.
Rogan e interações com medicamentos
A imunoglobulina anti Rh(D) não apresenta interações com outros medicamentos conhecidos até o momento, porém sabe-se que ela pode prejudicar a eficácia de vacinas de vírus vivos atenuados, tais como: sarampo, rubéola, caxumba e catapora, por períodos de 6 semanas a 3 meses. Com o uso de altas doses, este efeito pode persistir por mais de um ano.
Reações adversas
Como geralmente ocorre na administração de preparações de imunoglobulina, reações alérgicas moderadas e passageiras, incluindo as sensações de calor, dor de cabeça, calafrios e náuseas, podem ocorrer ocasionalmente. É importante avisar seu médico sobre qualquer mal-estar.
Incompatibilidade Sanguínea Vs. Compatibilidade Genética
Apesar do nome parecido, a incompatibilidade sanguínea e compatibilidade genética são coisas completamente diferentes. Estas terminologias são frequentemente utilizadas ao referir-se respectivamente à sensibilização do Fator Rh materno-fetal e ao risco do casal relativo à transmissão de doenças genéticas de herança autossômica recessiva.
Ou seja, enquanto a incompatibilidade sanguínea está ligada ao fator Rh, conforme explicado anteriormente, a compatibilidade genética é um dos nomes do Teste Genético de Portadores (CGT) que rastreia mutações em genes em comum nos progenitores (pai e mãe) para avaliar o risco de nascimento de filhos com doenças genéticas hereditárias.
As doenças autossômicas recessivas se manifestam apenas quando uma variante no mesmo gene é herdada por parte de ambos progenitores, que são portadores saudáveis, ou seja, possuem a alteração que pode gerar o distúrbio genético em um descendente, porém não manifestam a doença em si.
Quando existe esta compatibilidade genética, o risco de ter um filho afetado é de 25%. Então, o casal é orientado através de um aconselhamento genético sobre o possível impacto na descendência, bem como a respeito das alternativas de prevenção da condição antes da gestação, que podem ser a seleção de embriões livres da mutação familiar através do tratamento de fertilização in vitro (FIV) com o Teste Genético Pré-Implantacional para Doenças Monogênicas (PGT-M), FIV com doação de gametas ou a adoção.
Susana Joya, Assessora Científica Igenomix.
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