O sucesso da gravidez e o microbioma do útero

30 July, 2019 ,
sucesso da gravidez e microbioma

A experiência e a pesquisa mostram que, apesar de ter um embrião em condições ideais e um endométrio receptivo, há casos de mulheres que não conseguem engravidar. Isso acontece porque há outros fatores que também exercem grande influência na implantação do embrião e o sucesso da gravidez. Um deles é a microbiota endometrial.

O termo microbiota, que de um modo geral pode ser definido como a totalidade de microrganismos presentes no corpo humano, está muito na moda ultimamente, em parte devido aos avanços tecnológicos que permitem analisar até mesmo seu material genético (DNA). Atualmente, é possível detectar e analisar bactérias cuja existência era desconhecida. Por exemplo, há relativamente pouco tempo acreditava-se que a cavidade uterina era estéril, mas agora a existência de uma população de bactérias que habitam o útero foi comprovada.

Alguns dados sobre o microbioma

Até há pouco tempo, a presença de microorganismos no corpo humano sempre esteve associada a uma doença, infecção ou patologia. As bactérias eram consideradas nocivas ao nosso corpo e que poderiam levar a consequências negativas. Hoje o conceito atual é totalmente contrário.

Sabe-se que todas as pessoas têm micro-organismos, os quais auxiliam em muitas das funções fisiológicas que nosso corpo deve realizar. São principalmente bactérias, mas também existem outros tipos de micro-organismos que estão em todo o nosso corpo, especialmente no trato digestivo, pele e vias respiratórias. Na verdade, também podem ser encontradas em qualquer órgão.

Para termos uma ideia da importância das bactérias para o nosso organismo, devemos considerar os seguintes fatores:

  • Calcula-se que no nosso corpo há dez vezes mais células bacterianas do que células humanas.
  • Entre 1 e 3% do nosso peso corporal é somente peso bacteriano.
  • Até 99% dos genes que presentes no corpo humano pertencem a micro-organismos, por isso se considera o microbioma humano o nosso “segundo genoma”.
  • Entre 20 e 60% das bactérias que habitam o nosso corpo não são detectáveis mediante as técnicas padrões de cultivo microbiológico. No entanto, é possível aproveitar as técnicas de sequenciamento massivo para analisar esse microbioma.

O microbioma do trato urogenital

Se nos aprofundarmos em sua microbiota urogenital, a primeira coisa que chama a atenção é que representam apenas cerca de 9% do total de bactérias que temos em nosso corpo, em comparação com os 30% encontrados no intestino.

Em mulheres saudáveis em idade reprodutiva, o normal e desejável é que a maioria das bactérias do trato reprodutivo pertençam ao gênero Lactobacillus, embora também possam ser encontradas em outros gêneros como: Gardnerella, Atopobium, Prevotellay Acidobacterias.
É importante considerar que o que realmente importa são as funções realizadas pelas bactérias e como influenciam nas células do corpo, tornando o ambiente mais, ou menos, favorável ao sucesso da gravidez.

O que sabemos sobre a influência exercida pelas bactérias vaginais na reprodução, na fertilidade e na obstetrícia?

Sabe-se que existem algumas bactérias patogênicas que são uma causa direta da infertilidade. Por exemplo: as bactérias que causam gonorreia ou chlamydia trachomatis, algumas espécies de Mycoplasma ou Mycobacterium tuberculosis, que causam a tuberculose genital.
Outro dado importante é que entre 20% a 30% das mulheres em idade reprodutiva têm alterações em sua flora vaginal. Ou seja, uma flora que não é dominada por lactobacilos e apresenta outro tipo de flora que pode-se considerar patogênica ou em desequilíbrio.

No caso das mulheres que estão em tratamento de reprodução humana por apresentarem um problema de fertilidade, essa prevalência aumenta para 40%. Esses dados confirmam que esse tipo de infecção é um problema frequente, que afeta muitas pessoas e que pode ter graves consequências:

  • Aumenta o risco de aborto.
  • Gera um risco superior de produzir uma ruptura prematura de membranas e de ocasionar um parto prematuro.

Como avaliar as bactérias do útero?

Para avaliar o equilíbrio das bactérias que habitam o interior do útero e detectar a possível presença de patógenos existe o teste EMMA, que é realizado a partir de uma biópsia do tecido que reveste a cavidade uterina, chamado endométrio.

Este procedimento de biópsia é realizado pelo ginecologista em seu consultório e o material coletado é enviado ao laboratório de genética Igenomix, que analisa a flora bacteriana para que o médico possa prescrever um tratamento indicado para combater as bactérias patogênicas e restabelecer o equilíbrio da flora uterina.

 

Susana Joya, Assessora Científica Igenomix.


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